O Fisioterapeuta possui uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual. Detém visão ampla e global, respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do indivíduo e da coletividade (Cartilha de Apresentação da Atuação do Fisioterapeuta no Sistema Único de Saúde, 2005, p.9).
São com estas palavras que a Cartilha de Apresentação da Atuação do Fisioterapeuta no SUS conceitua o fisioterapeuta na atualidade. Mas, afinal, estaríamos nós, fisioterapeutas, buscando otimizar nossa prática de forma a atender esta proposta teórica?
Vivemos um tempo de contradições, entre o desenvolvimento notável da técnica e uma profunda crise ética. Esta crise é facilmente demonstrável pela competição (não cooperação) e pela quantidade (não qualidade) que têm sido a regra nos meios de produção intelectual [FERRARA, 2003]. Para muitos, ter valor científico é considerar essencialmente a precisão, o teste e a comprovação. Sem dúvida, essa visão fragmentável e controlável deu certo em muitos campos da ciência; porém, explicar fatos humanos é totalmente ineficaz, uma vez que estes contam com uma forte interação de variáveis (BLOIS, 2001), tais como as emoções, as percepções singulares, estilo de vida, etc.
Um discurso técnico, somado a presunção de que a cura depende somente do poder da ciência, acabam por desvincular o sujeito da doença, fazendo com que o paciente não passe de um mero objeto de diagnóstico. É função do profissional ajudar o paciente a se reunir com seu corpo, impedindo que este se torne objeto de um tratamento generalizante. O conhecimento científico inclui instrumentos para avaliar a evolução da doença, mas sobre a solidão e o sofrimento ele pouco sabe (SCHILLER, 2000, p.105). O profissional precisa construir estratégias capazes de oferecer conforto, segurança e tranqüilidade, pois quem sofre não busca quem lhe dê razão, busca presenças cuja escuta será testemunha de uma fala (SCHILLER, 2000, p.105).
Perturbada por esta crise epistemológica implícita no contexto do século XXI, a ética não pode ser mais considerada como um tema filosófico entre outros, mas como o problema por excelência da atualidade (SOUZA, 2004, p. 62). Parto do pressuposto de a ética é o próprio fundamento para pensar o humano (SOUZA, 2004 p.19), constituindo assim um plano de fundo essencial para a compreensão de qualquer questão humana relevante. É de extrema importância buscar conhecer os limites do próprio pensamento, compreendendo a abertura da relação com a Alteridade, o diferente, que desborda todo o discurso auto-suficiente (SOUZA, 2000). Desta forma, a ética é a nova origem de compreensão da própria questão do sentido, podendo ser compreendida como o pensar das relações humanas reais que dá lugar ao agir humano real.
Ser fisioterapeuta, portanto, num contexto de complexidade crescente, não é somente dominar técnicas para melhorar patologias, é, sobretudo, contribuir com soluções para os problemas sociais, de uma forma que configure sua identidade na sociedade. O fisioterapeuta deve lembrar que seu paciente não possui somente um determinado distúrbio, mas sim um fenômeno complexo, com múltiplos níveis, inclusive não patológicos, e, como fenômeno, o evento deve ser tratado em toda a sua extensão, de forma humana.
São com estas palavras que a Cartilha de Apresentação da Atuação do Fisioterapeuta no SUS conceitua o fisioterapeuta na atualidade. Mas, afinal, estaríamos nós, fisioterapeutas, buscando otimizar nossa prática de forma a atender esta proposta teórica?
Vivemos um tempo de contradições, entre o desenvolvimento notável da técnica e uma profunda crise ética. Esta crise é facilmente demonstrável pela competição (não cooperação) e pela quantidade (não qualidade) que têm sido a regra nos meios de produção intelectual [FERRARA, 2003]. Para muitos, ter valor científico é considerar essencialmente a precisão, o teste e a comprovação. Sem dúvida, essa visão fragmentável e controlável deu certo em muitos campos da ciência; porém, explicar fatos humanos é totalmente ineficaz, uma vez que estes contam com uma forte interação de variáveis (BLOIS, 2001), tais como as emoções, as percepções singulares, estilo de vida, etc.
Um discurso técnico, somado a presunção de que a cura depende somente do poder da ciência, acabam por desvincular o sujeito da doença, fazendo com que o paciente não passe de um mero objeto de diagnóstico. É função do profissional ajudar o paciente a se reunir com seu corpo, impedindo que este se torne objeto de um tratamento generalizante. O conhecimento científico inclui instrumentos para avaliar a evolução da doença, mas sobre a solidão e o sofrimento ele pouco sabe (SCHILLER, 2000, p.105). O profissional precisa construir estratégias capazes de oferecer conforto, segurança e tranqüilidade, pois quem sofre não busca quem lhe dê razão, busca presenças cuja escuta será testemunha de uma fala (SCHILLER, 2000, p.105).
Perturbada por esta crise epistemológica implícita no contexto do século XXI, a ética não pode ser mais considerada como um tema filosófico entre outros, mas como o problema por excelência da atualidade (SOUZA, 2004, p. 62). Parto do pressuposto de a ética é o próprio fundamento para pensar o humano (SOUZA, 2004 p.19), constituindo assim um plano de fundo essencial para a compreensão de qualquer questão humana relevante. É de extrema importância buscar conhecer os limites do próprio pensamento, compreendendo a abertura da relação com a Alteridade, o diferente, que desborda todo o discurso auto-suficiente (SOUZA, 2000). Desta forma, a ética é a nova origem de compreensão da própria questão do sentido, podendo ser compreendida como o pensar das relações humanas reais que dá lugar ao agir humano real.
Ser fisioterapeuta, portanto, num contexto de complexidade crescente, não é somente dominar técnicas para melhorar patologias, é, sobretudo, contribuir com soluções para os problemas sociais, de uma forma que configure sua identidade na sociedade. O fisioterapeuta deve lembrar que seu paciente não possui somente um determinado distúrbio, mas sim um fenômeno complexo, com múltiplos níveis, inclusive não patológicos, e, como fenômeno, o evento deve ser tratado em toda a sua extensão, de forma humana.
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